Nos últimos dias, o chamado “morango do amor” — morangos cobertos por caramelo que endurece em casca crocante — viralizou em redes sociais. Relatos e vídeos mostraram casos em que dentes, facetas, próteses e contenções sofreram danos após o consumo. Conselhos oficiais, como os do Conselho Federal de Odontologia (CFO), alertaram sobre o problema e sugeriram medidas preventivas simples.
O risco decorre de três fatores interligados: a mecânica (força ao morder uma casca dura), a adesividade do caramelo e o contexto clínico (restaurações extensas, dentes endodonticamente tratados, próteses e aparelhos). A combinação pode concentrar forças em pontos frágeis, provocar fraturas ou descolamentos de restaurações e dificultar a remoção dos resíduos açucarados.
Morder alimentos com casca muito dura pode transmitir cargas que levam a lascas ou fraturas, especialmente em dentes com perda de estrutura. Incisivos superiores, por terem menor massa coronária, são mais suscetíveis. Em restaurações ou facetas, a interface entre material restaurador e dente é um ponto de fraqueza quando submetida a forças de tração e cisalhamento.
Além do dano mecânico, o caramelo é altamente aderente e rico em açúcares livres, prolongando a exposição do esmalte e das margens de restaurações ao substrato fermentável. Diretrizes como as da OMS aconselham limitar açúcares livres na dieta; produtos pegajosos aumentam o risco de progressão de cárie se a higiene não for imediata e eficaz.
O caramelo pode aderir a próteses removíveis, desalojar cimentações, descolar facetas finas ou deslocar componentes de aparelhos ortodônticos. Em próteses totais, resíduos podem ficar presos sob bordas, originando desconforto ou úlceras por pressão. Fabricantes e clínicos também relatam necessidade de reparos após exposição a alimentos extremamente adesivos.
Outra preocupação é o risco térmico: caramelos preparados em altas temperaturas podem causar queimaduras na mucosa oral, especialmente em crianças. Recomenda-se cautela na manipulação e resfriamento adequado antes do consumo.
A maior parte das informações vem de comunicados institucionais, séries de casos e análises forenses. Faltam estudos populacionais prospectivos que quantifiquem a incidência de fraturas e danos a dispositivos após exposição ao morango do amor. Pesquisas futuras devem avaliar frequência, fatores de risco e eficácia de orientações preventivas.
Evitar o morango do amor é a medida mais segura para pessoas com restaurações extensas, próteses, facetas ou aparelhos. Quando optar por consumir, partir a casca e manter higiene oral imediata reduz riscos. Comunicar orientações claras ao paciente e documentar incidentes contribui para vigilância e pesquisa continuada.
O morango do amor combina risco mecânico e cariogênico: o caramelo duro e aderente pode causar fraturas, descolamentos e retenção de resíduos. Recomenda-se evitar o doce para pacientes com restaurações, próteses ou aparelhos; se consumido, partir a casca, mastigar com os molares e higienizar imediatamente. Há necessidade de estudos para quantificar o problema, mas as orientações práticas atuais são justificadas por relatos e análises forenses.